domingo, 12 de fevereiro de 2012

FOGO

“Vauxhall 2003” de Roger Hiorns. Instalação de aço e fogo no museu Tate Britain, Londres, 2003. Fotografia Tate Photography, David Lambert/Rod Tidman. Cortesia da galeria Corvi-Mora, Londres.

“Céu” e “fogo”, diz a palavra “ferro” na língua suméria. Da bola de fogo, o meteorito, que cai do céu, ao fogo no cadinho que irá produzir a separação do ferro, o resto de ferro no meio do caminho, o ferreiro será também um mestre do fogo, será aquele que sabe fazer o fogo. Uma vez feito, um ferreiro terá que fazer de conta que o controla. Há que cultivá-lo, cuidar de cada labareda com carinho, fazê-la crescer sem ser por ela envolvido em demasia – mas atenção: haverá queimaduras, haverá dor para quem mexe com o fogo. Não se é ferreiro sem a marca do fogo inscrita na pele, um sinal distintivo, um calor pelas entranhas afora, queimação estrangeira e íntima, incessante e inclemente, o fogo dominado agora dominador – ele se instala, ele habita o nome do ferreiro. Mestre desamestrado.

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