Xilogravura de Albrecht Dürer sobre a queda do meteorito na cidade de Ensisheim, na região administrativa da Alsácia, no departamento do Alto Reno, França, em 16 de novembro de 1492.
Penso na primeira vez.
Ali está, no chão, caído, esborrachado, sem mais aquele brilho da cauda, despedaçado,
o que um dia foi unido, o que um dia foi meteorito.
Viajante sideral, emigrante do espaço,
ei-lo agora aos pedaços, rochas espalhadas,
restos de ferro à luz do dia, mina invertida.
O primeiro mineiro não teve que escavar. Ele topou com o rastro no céu, com o resto no chão, rocha fumegante, rocha fértil, rocha prenhe, rocha dura. Pedra no meio do caminho.
Este homem siderado, atingido por este astro, gamado no que ali não via, considerou então a pergunta decisiva: então o céu é de pedra? Ele pode cair, ele pode desabar?
Penso nos astecas e seu desencontro com aquele europeu assassino, Cortês nada cortês, que lhes perguntou de onde vinham suas facas. Eles apontaram o céu.
Siderúrgicos, siderais.
Do ferro das estrelas, o ofício de fabricar,
de transformar, de reunir o partido,
levantar o caído, dar-lhe forma, rosto e movimento.
Fazê-lo de novo voar. Ferro sidéreo, estrela ascendente.
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