terça-feira, 27 de março de 2012

VIVA ITÁLIA!

Emigração para o Brasil, Argentina, Estados Unidos e Canadá entre 1880 e 1915. Fonte: Mark I. Choate in Emigrant Nation: The Making of Italy Abroad. Cambridge, MA: Harvard University Press, 2008, p. 238.

Quando nasceu a 12ª filha de Marco Giovanni e de Maria Flandi, ela recebeu o nome de Anna Juliana Ferrari. Data de nascimento: 27 de julho de 1853. Esta data marca o início da unificação italiana, da criação da nacionalidade italiana. E também marca o início da grande emigração italiana para o mundo. É curioso registrar – ver quadro acima – que houve um período, entre 1885 e 1890, que o Brasil foi o destino preferido dos emigrantes – só muito depois substituído pelos Estados Unidos.

 
Sobre esse período, o historiador brasileiro João Fábio Bertonha, no indispensável “Os Italianos”, diz o seguinte:

 
“Quando da unificação, não mais que 2,5% dos habitantes do novo reino falavam italiano, quase todos membros da elite, e mesmo muitos desses só o usavam em certas ocasiões e não no dia-a-dia. Todos os outros falavam dialeto – napolitano, vêneto, piemontês e outros – e tão incompreensíveis entre si que alguns professores piemonteses, enviados a escolas da Sicília em fins do século XIX, foram tomados por ingleses pela população local. Em 1860, segundo algumas fontes, os camponeses sicilianos que viram o Exército de Garibaldi invadir a ilha aos gritos de “Viva Garibaldi! Viva a Itália!” teriam imaginado que Itália seria sua esposa, tão abstrato era, para eles, o conceito de “Itália”. (...) Compreende-se, assim, a famosa frase do piemontês Massimo d’Azeglio (1792-1866), segundo o qual “Fizemos a Itália; agora precisamos fazer os italianos”.”
Fonte: João Fábio Bertonha in Os Italianos. São Paulo: Contexto, 2005, p. 56.

 
Marco Giovanni Ferrari, aos cinquenta e um anos em 1853, pai pela última vez de seu 12º filho, viu com preocupação essas duas mudanças que se iniciavam. Uma, dentro de sua Emília-Romanha, e a outra para fora dela. Será possível continuar nessa terra, será possível permanecer aqui quando tudo parece estar mudando?

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