quarta-feira, 7 de março de 2012

FERREIRA

“La fileuse, chevrière auvergnate” [A fiandeira, guardiã de cabras de Auvergne], óleo sobre tela, 1868-1869, de Jean-François Millet (1814-1875) no Musée d’Orsay de Paris. Fotografia de Ondra Havala no museu, em 27 de agosto de 2009.

Maria Teresa, jovem contadina, não coitadinha, mas camponesa, mulher rendeira, fia a lã com o fuso, enquanto cuida das cabras, as provedoras do fio, da lã. Ela com seus sapatos de madeira, seu vestido de lã, seu chapéu feito no tempo, sentada sobre uma colina, fia e desfia, desafia o fuso, Penélope sem Ulisses. A tarde cai agora em Cervara. A tecedora tecida, Maria Teresa, vai serena, levanta-se e começa a caminhar. Suas mãos passaram mais um dia dando forma ao informe – na lã, nos fios, na trama que urdiu, ferreira de tecidos que é. Sua forja não está lá fora. Está dentro de si.

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