Detalhe do quadro “O Casal Arnolfini” de Jan van
Eyck, 1434, óleo sobre tábua in Natinal Gallery, Londres.
Marco Giovanni Ferrari, filho de Giambattista
Ferrari e de Anna Ugolini, nascido em 1º. de novembro de 1802 em Rosola, se
casou, em 1831, com Maria Flandi, filha de Carlo Flandi e Maria
Fulgeri, oriunda de Verica.
Sobre este casamento, a querida prima Ester falava
com lágrimas nos olhos. Para ela, Marco Giovanni um dia viu, do outro lado do
rio Panaro, que passava rente, colado à sua casa, em Cervara, Maria Flandi. O
que fazia Maria Flandi do outro lado do rio? É aqui que minhas lágrimas
começam. Estaria ela se banhando, como Betsabé o fez, lentamente, para o rei
Davi – que se viu subitamente rei de nada diante daquela beleza? Quero pensar
em Betsabé mas um verso se intromete subitamente, o verso de Dante que anuncia
Matelda, “come si volge, con le piante strette a terra e intra sé, donna che
balli”, com os pés bem rentes ao chão ela rodopia, bailarina graciosa, “e piede
innanzi piede a pena mette”, e pé ante pé, pés manhosos, pés arteiros, “volsesi
in su i vermigli e in su i gialli fioretti verso me, no altrimenti che vergine
che li occhi onesti avvalli”, a Marco se voltou lá na campina, lá na montanha,
lá na beira-rio, lá em Cervara, vermelha e amarela, outono que se aproxima, à
graça virginal de Maria Flandi – seria ela de origem francesa? Holandesa?
Belga? “Tosto che fu lá dove l’erbe sono bagnate già da l’onde del bel fiume,
di levar li occhi suoi mi fece dono”, então chegada ao ponto, à ponte, em que a
fina erva era banhada pela água cristalina do rio Panaro, rio da vida, rio do
amor, ela deu a mão para Marco na travessia, ela deu a graça de nos olhos dele
descansar os seus, para daí ele fazer o pedido decisivo – o de toda a vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário