quinta-feira, 1 de março de 2012

SEGUNDO PASSO

O que eu sabia da Itália antes de te conhecer? O que sabia eu de Vinhola, de Módena, de Zóca, de Róssola?  E pensar que nos encontramos em pleno rio Jordão, o Jordan’s, na rua do Pai, você, caminhando, eu, sentado, você, uma batista, eu, nem ideia de ser quadrineto de um João Batista, você, versada no inglês, no francês e que foi aprender italiano comigo, eu, desversado fui lá balbuciar o inglês, passear pelo francês, você carioca, nascida no Rio de Janeiro, depois curitibana, eu um exilado do outro rio, o da várzea, lá de Carazinho, um gaúcho, como seu bisavô de Dom Pedrito, você, médica pê agá dê, eu, psicanalista bê a bá, você querendo ir à Itália saber da família, eu dizendo não ser possível fazer essa viagem, quem sabe no futuro indefinido, você bateu o pé, eu desconversei, fiz que não vi, você quis comprar a câmara de filmar, eu reclamei do preço absurdo, você começou a escrever as primeiras entrevistas, com meu pai, com meus tios, eu achando aquilo difícil, muito difícil, difícil demais, sem pé nem cabeça, você fazendo o livro de seu avô, eu não acreditando no que lia,  você dizendo e que tal passarmos duas semanas lá com eles em Vinhola, e eu pensando mas por que ficar duas semanas quando não temos condições de ficar um dia sequer, e você, grávida do Bernardo, sem poder fazer isso, planejou cada parada, cada cereja, cada sanduíche, e eu, grávido destas letras, fui sem saber que ia. O que aqui se escreve, Belkiss, está escrito em nossa história, conta nossa história, agradece nosso encontro – o de todos os dias. A casa de Cervara é agora a nossa casa.

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