Sigmund Freud, c. 1930. Fotografia do Museu Sigmund Freud em Londres.
Em novembro de 1899, Sigmund Freud publicava, em Viena, “A Interpretação dos Sonhos”. Seu editor quis que a data da publicação fosse 1900. Tratava-se de sua 45ª. pesquisa e a 1ª. a tratar exclusivamente da psicanálise, uma nova ciência, uma nova ética, uma nova prática para um novo século. O século XX iniciou com “A Interpretação dos Sonhos” e pode-se dizer que terminou com “O Mal-Estar na Civilização”, sua obra de 1930, onde faz um diagnóstico bastante preciso sobre os tempos que viriam depois. Não é seguro que meu avô tenha lido Freud – porém com certeza leu notícias sobre Freud. De qualquer modo, ele não ficaria surpreso em saber sobre o inconsciente, em saber que não somos quem pensamos ser, não fazemos o que queremos, e, quando conseguimos fazer algo parecido, logo colocamos a perder o que tão arduamente foi alcançado. Nem ele foi o primeiro a sofrer isso na própria pele, nem ele foi o último. Freud descobriu aquilo que cotidianamente nos esforçamos em manter encoberto – nossa divisão subjetiva. Ali onde pensávamos ser uma unidade, somos uma partição, somos despedaçados, somos o que Narciso se recusa a olhar. O novo século que se iniciava não aceitaria isso de jeito nenhum. Tampouco o seguinte.
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